Sexo masculino se torna a nova — e cobiçada — fatia de consumidores das joalherias
Fonte: Vejasp
Por: Regina Valadares
Os povos primitivos já usavam. Faziam colares e pulseiras com amuletos contra os espíritos do mal. Na Antiguidade, as joias eram símbolo de poder. No Renascimento, endossadas pela realeza, cobriam a aristocracia de brilho. Com exceção, portanto, de um hiato nas três últimas décadas, enfeitar pescoço, pulso e dedos sempre foi, por assim dizer, coisa de macho. A noção de que homens “masculinos” não usam joias foi varrida pela era metrossexual — cujo maior símbolo de vaidade é o jogador de futebol inglês David Beckham — e ganhou um empurrãozinho extra nos últimos anos: uma geração de 40 e poucos anos (Beckham, nascido em 1975, está quase nessa faixa) que tem gosto pela própria imagem (bem arrumada) refletida no espelho. “Voltamos às origens”, afirma Hécliton Santini, presidente do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM). “Não há mais vergonha em querer se diferenciar e se destacar do grupo usando joias.”
A Tiffany & Co., por exemplo, desde o início, em 1837, confeccionou joias masculinas. Há quatro anos, inaugurou a primeira “Tiffany & Co. The Men’s Store” na loja de departamentos Isetan, em Tóquio. No ano seguinte, o então presidente da marca no Japão, Michael Christ, anunciou a inauguração de mais dois endereços especializados em homens: na loja de departamentos Hankyu, em Osaka, e no bairro Roppongi Hills, em Tóquio. Suas coleções vêm ganhando cada vez mais novos apreciadores. É o caso da Atlas, inspirada no relógio que fica sobre a porta da loja da Quinta Avenida, e da Bean, criada por Elsa Peretti, uma das designers exclusivas da casa. “A presença do consumidor masculino comprando joias para ele mesmo é uma tendência cada vez mais forte”, diz Luciano Rodembusch, vice-presidente da grife para a América Latina.
De 2007 para cá, o mercado dobrou de tamanho. Os gastos deles com metais e pedras preciosas já representam 20% do faturamento das joalherias no mundo. Publicado no ano passado, um levantamento da consultoria americana Unity Marketing mostrou que as vendas de joias para mulheres cresceram 6,5% entre 2007 e 2009, enquanto o porcentual para homens atingiu 10% no mesmo período — nessa conta não entram relógios, um item muito mais ligado à demonstração de poder do que à vaidade. Os anéis são responsáveis por 51% das compras de joias (fora as alianças de casamento). A categoria em franca expansão, no entanto, é a de braceletes e colares, que cresceu 23% e 21%, respectivamente. “As correntes de ouro de diversas espessuras e pingentes são os itens mais procurados”, afirma Rodembusch. A quarta maior compra é de abotoaduras.